Eu já sabia, no fundo eu sabia. Eu sempre soube, mas quis fechar meus olhos. Para não ver, para não ser vista. Eu me fechei no meu mundo, na minha própria armadilha. Eu não queria admitir, ainda não quero, não sinto estar pronta. Não sei se um dia estarei, não sei se sentimos um "estar pronto" ou se isso é uma auto sabotagem da nossa mente. A mente... ah, a mente. O que ela é capaz, o que ela faz. Eu me sinto abandonada, e não é nem pelos outros, senão por mim mesma. Eu não sei onde estou, não sei o que estou fazendo, eu não sei mais nada, nem em quem confiar. É triste chegar aos vinte e três anos assim, sem rumo, apenas pensando nos prazeres do álcool, no alento que ele traz, na sensação moribunda que ele oferece, na paz momentânea, no amortecimento dos sentidos, do que ele faz com a mente, com o esquecimento, com o deixar de sentir, de pensar com a razão, de sentir-se parte de algo, de se esquecer, nem que por ao menos uma horinha por dia. É a uma hora mais produtiva do di